Cartilagem do joelho

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Para entender o que é a cartilagem que recobre os ossos, podemos fazer uma analogia com o asfalto que recobre as ruas: quando o asfalto está em boas condições, os carros trafegam sem transtornos. Conforme o fluxo de veículos, o peso dos veículos, ocorrência de algum acidente e a qualidade do material utilizado para fabricar o asfalto, este pode desgastar mais ou menos rápido. Analogamente, a cartilagem desgasta conforme a idade da pessoa.

O desgaste pode se acelerar conforme o uso excessivo da articulação, massa corporal elevada, traumas (ex.: fraturas, entorses, etc.) e fatores genéticos. Quando a lesão de cartilagem se alastra para muitas regiões do joelho, ou seja, de maneira mais generalizada, chamamos de artrose (ou osteoartrite, gonartrose, osteoartrose).

tratamento para artrose está sendo abordado em outras sessões deste site. Nesta sessão de lesão de cartilagem, falarei especificamente sobre as lesões focais (mais pontuais), como se fossem – voltando à analogia do asfalto – os “buracos” da rua que necessitam de recapeamento. Os “buracos” que se formam na cartilagem podem ser mais superficiais ou bem profundos atingindo até o osso que deveria estar coberto.

As lesões profundas são as que mais preocupam porque provocam dor e possuem menor potencial de cicatrização. Tais lesões são também as que podem necessitar de tratamento cirúrgico.

Tratamento não cirúrgico para lesão

Como opção de tratamento não cirúrgico para lesão na cartilagem, dispomos de viscossuplementaçãoondas de choque, nutracêuticos e fisioterapia. Não há, atualmente, opção não cirúrgica eficaz para minimizar satisfatoriamente lesões profundas. Por isso, essas opções são denominadas complementares, já que serão realizadas em conjunto com o tratamento cirúrgico.

Tratamento cirúrgico para lesão de cartilagem

As opções de tratamento cirúrgico para lesão variam conforme tamanho da lesão, e inclui microfraturas, membranas de colágeno e transplante de cartilagem. A cartilagem utilizada no transplante pode ser proveniente do próprio paciente – pelas técnicas de mosaicoplastia ou de implante de condrócitos – ou de doador falecido – semelhante a transplante de outros órgãos, como fígado e coração.

A cartilagem é composta basicamente por condrócitos, que são células especializadas, e por uma abundante matriz extracelular. Os condrócitos se alojam em cavidades denominadas lacunas, embutidas na matriz.

A matriz extracelular é formada por uma combinação de colágeno (principalmente tipo II) e proteoglicanos — moléculas formadas pela união de proteínas e glicosaminoglicanos. Dependendo do tipo de cartilagem, podem estar presentes também fibras elásticas, o que confere diferentes propriedades ao tecido.

Classificação dos Tipos de Cartilagem

A cartilagem é dividida em três tipos principais, conforme a composição da sua matriz:

  • Cartilagem hialina: é a forma mais frequente no corpo. Possui matriz rica em colágeno tipo II e está presente nas vias respiratórias, no nariz, nas extremidades das costelas e nas superfícies articulares dos ossos longos. Também participa do crescimento ósseo e da formação dos ossos durante o desenvolvimento embrionário.

  • Cartilagem elástica: parecida com a hialina, mas enriquecida com fibras elásticas, tornando-a mais flexível. Pode ser encontrada em estruturas como a epiglote, tuba auditiva e canal auditivo externo.

  • Fibrocartilagem: apresenta características intermediárias entre o tecido conjuntivo denso e a cartilagem. Contém grande quantidade de fibras colágenas e está presente em áreas submetidas a forte pressão e tração, como discos intervertebrais, sínfise púbica e locais de inserção de tendões e ligamentos.

Cartilagem Articular

Esse tipo de cartilagem recobre as extremidades dos ossos nas articulações sinoviais. Sua principal função é permitir o movimento suave das articulações, com o mínimo de atrito. Por ser constantemente submetida a cargas e forças de compressão, sua integridade é vital para a mobilidade sem dor.

A matriz extracelular da cartilagem articular contém altos níveis de colágeno tipo II e proteoglicanos, especialmente agrecano, que se liga ao ácido hialurônico. Essa composição atrai água, ajudando a manter a hidratação e a resistência do tecido.

Zonas da Cartilagem Articular

A cartilagem articular é organizada em diferentes camadas:

  1. Cartilagem calcificada – em contato com o osso subcondral, é um remanescente da cartilagem de crescimento da infância.

  2. Zona profunda (basal) – rica em colágeno tipo II, com fibras dispostas perpendicularmente à superfície. Possui a maior densidade de proteoglicanos.

  3. Zona intermediária (transicional) – contém colágeno desorganizado e muitos condrócitos. É a camada mais espessa.

  4. Zona superficial (tangencial) – fibras de colágeno alinhadas paralelamente à superfície e condrócitos achatados. Contém poucas substâncias de matriz e é onde já se identificaram células progenitoras.

Pericôndrio

Exceto na cartilagem articular e na fibrocartilagem, todas as cartilagens são envoltas por uma camada de tecido conjuntivo denso chamada pericôndrio. Ele contém vasos sanguíneos que fornecem nutrientes à cartilagem, uma vez que esse tecido não possui vascularização própria.

No caso da cartilagem articular, a nutrição é fornecida pelo líquido sinovial, que banha a articulação.

Importância Clínica da Cartilagem

Apesar de sua resistência, a cartilagem tem capacidade limitada de regeneração, por diversos motivos:

  • Seus condrócitos não conseguem migrar para áreas lesadas.

  • A ausência de vasos sanguíneos limita a regeneração rápida.

  • Lesões geralmente resultam na formação de fibrocartilagem, que não possui as mesmas propriedades biomecânicas da cartilagem original.

Assim, lesões cartilaginosas são frequentemente tratadas com próteses articulares ou técnicas avançadas como bioengenharia de tecidos e uso de membranas de colágeno associadas a células-tronco.

Doenças Relacionadas à Cartilagem

Osteoartrite

É uma condição degenerativa comum, caracterizada pelo desgaste da cartilagem articular, especialmente em joelhos, quadris e cotovelos. A perda dessa cartilagem provoca contato direto entre os ossos, causando dor e limitação de movimento. O tratamento pode incluir analgésicos, suplementos (como sulfato de condroitina e glucosamina) e, em casos graves, cirurgia de substituição articular.

Artrite Reumatoide

É uma doença autoimune crônica que afeta preferencialmente as articulações pequenas. A inflamação começa nas membranas sinoviais e pode danificar indiretamente a cartilagem. O tratamento envolve medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores e terapias biológicas.

Acondroplasia

Condição genética dominante causada por mutação no gene FGFR3. Afeta a formação do osso a partir da cartilagem, resultando em enanismo desproporcional.

Costocondrite

Inflamação da cartilagem que liga as costelas ao esterno, frequentemente provocando dor torácica que piora com a respiração.

Condromas e Condrossarcomas

Tumores cartilaginosos, que podem ser benignos (condromas) ou malignos (condrossarcomas). Embora raros, podem invadir ossos ou estruturas articulares e necessitam de tratamento específico.

A cartilagem é um tecido vital para a estrutura e função de diversas partes do corpo humano. Seu papel nas articulações, no crescimento ósseo e na sustentação de estruturas é indispensável. Porém, por possuir regeneração limitada, lesões ou doenças cartilaginosas exigem cuidado especializado, diagnóstico precoce e, em alguns casos, intervenções modernas.

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Procedimentos Cirúrgicos e não Cirúrgicos

O Dr. Carlos Vinícius é médico especialista em ortopedia, sendo referência no tratamento de diferentes tipos de lesões de joelho. Se procura por um atendimento humanizado e um profissional altamente capacitado, agende sua consulta. Veja abaixo quais são as principais lesões operadas e tratadas pelo Dr. Carlos Vinícius.