Quando o joelho é torto apontando “para fora”, nós chamamos de joelho varo, ou genovaro. O contrário, quando o joelho aponta “para dentro”, chamamos de joelho valgo, ou genovalgo. Para entender melhor, imagine-se montado num cavalo.
Seu joelho fica pra fora, correto? É o que seria o varo. Por outro lado, quem tem joelho valgo, não cavalga porque o joelho fica pra dentro. A imagem que temos nas nossas cabeças das pessoas com joelho varo são os jogadores de futebol, ou então um senhor idoso de ascendência asiática.
A imagem do joelho valgo, por sua vez, é de uma moça jovem com os dois joelhos apontando para dentro e encostando um no outro. Existe uma cirurgia para tratar dessas deformidades do joelho.
Como é a cirurgia para tratar deformidades do joelho?
Internamos o paciente em jejum de 8 horas e o conduzimos ao centro cirúrgico. Para o procedimento de osteotomia, o paciente é anestesiado por meio de raquianestesia (método de anestesia por meio administração de medicamento na coluna lombar) e sedação, que auxilia o paciente a relaxar, tranquilizar-se e dormir durante a cirurgia.
Posicionamos, então, o paciente deitado na mesa de cirurgia e colocamos um torniquete em sua coxa para minimizar o sangramento, facilitando a visualização da anatomia do joelho. Previamente à cirurgia, realizo os cálculos trigonométricos para planejar como deverão ser os cortes necessários para remodelar a geometria dos ossos do joelho.
Com o planejamento traçado, realizo a incisão cirúrgica (corte na pele) para ver os ossos do joelho e introduzir as ferramentas necessárias para os cortes ósseos (i.e., a osteotomia). Utilizando tais ferramentas, reposiciono os ossos e os remodelo para a nova geometria calculada. Para manter os ossos com o novo formato, utilizo placas e parafusos.
Quando a correção necessária é muito grande, utilizamos também enxerto de osso para preencher os espaços criados pela mudança de posição dos ossos. Isso é semelhante a situações em que trocamos a posição das prateleiras em nossa casa: no lugar onde não há mais a prateleira, sobra um buraco que precisará ser preenchido com massa.
Nos casos em que a deformidade é bastante severa, pode ser necessário utilizar dispositivos externos, ou seja, que ficam expostos “pelo lado de fora” do corpo do paciente. São os chamados fixadores externos.
O mais famoso deles, é o fixador circular de Ilizarov, popularmente conhecido como “gaiola”. Este fixador é composto por anéis que circundam o joelho do paciente e permitem excelente correção de deformidades graves.
Ao final do procedimento, costuramos as incisões da pele (i.e., cortes da cirurgia) e fazemos o curativo. O paciente é encaminhado para a sala de recuperação, de onde segue para o quarto no hospital.