Os tendões são a parte “final” do músculo que o conecta ao osso. Por exemplo, o tendão do quadríceps conecta o músculo quadríceps à patela (osso do joelho). Nas crianças, os ossos ainda estão em desenvolvimento e, portanto, não ossificaram completamente. Desse modo, a região do osso da criança que se conecta ao tendão é um pouco diferente do adulto e recebe o nome de apófise.
Quando nós, adultos, realizamos atividades que sobrecarregam as articulações, podemos desenvolver tendinites (inflamações dos tendões) sem que o osso adoeça. As crianças, por sua vez, além de desenvolverem tendinites, podem desenvolver também apofisites (inflamação das apófises) porque as apófises são uma região do osso relativamente mais frágil.
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ToggleLocais onde mais ocorre apofisite nas crianças
Como as crianças se engajam em atividades que normalmente exigem muito impacto (correr, pular, driblar, etc.), os locais mais sujeitos a apofisite são os membros inferiores (coxas, pernas, pés). No joelho, dois locais podem sofrer com apofisite.
O primeiro, mais comum, é na tuberosidade anterior da tíbia, que é aquela elevação que nós temos na perna abaixo do tendão da patela. Essa apofisite recebe o nome de doença de Osgood-Schlatter.
O segundo local ocorre na parte mais baixa da patela (antes de começar o tendão da patela), e recebe o nome de síndrome de Sinding-Larsen-Johansson.
Outro lugar muito comum de apofisite que os pais me contam é a apofisite do calcanhar, que recebe o nome de doença de Sever. Um quarto local, que inclusive assusta os pais pois é confundido com um “caroço”, é o pé, bem na sua borda lateral (externa) e no meio do caminho entre o calcanhar e o dedinho. Esse local é o quinto metatarso e sua apofisite recebe o nome de doença de Iselin.
Nos membros superiores (ombro, cotovelo, etc.), a ocorrência de apofisites é bem menos comum. Quando ocorre, geralmente é nos ombros e cotovelos.
Tratamento das tendinites e apofisites
Tratamos as apofisites de forma semelhante ao que fazemos para as tendinites do adulto:
- Repouso relativo;
- Fisioterapia;
- Orientações para atividade física e esportiva.
Nas crianças que permanecem com sintomas a despeito do tratamento acima, podemos lançar mão também de:
- Imobilizadores (ex.: joelheiras);
- Ondas de choque: tratamento com ondas acústicas (mais detalhes, veja na página específica sobre ondas de choque);
- Cirurgia: realizada para remover fragmentos de osso que se formam nas apófises.
Observações para os pais
Ouço muitos pais falando: “Cresceu um caroço no joelho do meu filho, o que é isso?”. É importante os pais saberem que a apofisite pode provocar inchaço na região inflamada, parecendo que existe um caroço no local, mesmo após a cura.
Isso não significa que não é para levar o filho para ser examinado pelo ortopedista. Muito pelo contrário: a criança deve ser examinada periodicamente para identificar se estamos diante realmente de um quadro de apofisite e se o tratamento foi efetivo.
Outra situação que pode ocorrer é a formação de calcificações no local da apofisite que permanecem mesmo durante a fase adulta. Tais calcificações podem ou não ser dolorosas, requerendo ou não tratamento. Cada caso deve ser avaliado e tratado dentro de suas particularidades.