Há casos em que não há necessidade de fazer a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA); ou, pelo menos, em que se possa aguardar para avaliar se o paciente conseguirá realizar bem suas atividades diárias sem o LCA.
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ToggleFunções importantes do ligamento cruzado anterior
O LCA é importante para estabilizar o joelho, ou seja, ele impede certos movimentos anormais do joelho durante nossas atividades. Isso é importante, porque movimentos anormais “forçam” demasiadamente a articulação do joelho, resultando em desgaste precoce, que é a doença artrose (também chamado de osteoartrite ou gonartrose).
Os movimentos anormais que o LCA impede são:
- Rotação excessiva da tíbia (osso da perna) durante movimentos de giro e desacelerações;
- Translação anterior (movimento para frente) excessiva da tíbia durante movimentos de chute, corrida, etc.
- Quando chutamos uma bola, por exemplo, a tendência é a perna continuar se movimentando para frente, por causa da lei inércia. O LCA ajuda a “travar” a perna, impedindo que ela continue o movimento para frente.
Situações em que se pode optar inicialmente pelo tratamento não cirúrgico
Primeira situação: Nenhuma outra estrutura (ex.: ligamento, músculo, etc.) consegue impedir tão bem o movimento rotação excessiva da tíbia. Por outro lado, é possível impedir a translação anterior (movimento para frente) exagerada da perna por meio do fortalecimento muscular.
Por isso, pessoas que não necessitam realizar atividades que envolvam movimentos de giro e desacelerações podem seguir com o tratamento não cirúrgico, desde que não exista outras lesões cirúrgicas, como certas lesões de menisco e de cartilagem. Tudo isso é avaliado pelo especialista de joelho durante a consulta.
Segunda situação: Mesmo alguns pacientes que executam atividades que envolvam movimentos de giro e desaceleração podem ser tratados sem cirurgia. Esses pacientes são chamados de “copers”; i.e., são pessoas que conseguem viver bem sem o ligamento.
Para saber quem consegue viver bem sem o ligamento, é necessário avaliar o desempenho do paciente frente a alguns testes físicos. Caso o paciente “passe” no teste, mantemos o tratamento não cirúrgico; se for “reprovado”, operamos.
Terceira situação: Uma terceira situação são pacientes que já possuem desgaste do joelho (artrose). Estes podem não se beneficiar da cirurgia para reconstruir o LCA, dependendo da intensidade da doença.
Em alguns desses casos, realizar a reabilitação pode ser suficiente; em outros, pode ser necessário acrescentar mais medidas não cirúrgicas (ex.: viscossuplementação, ondas de choque…); e em outros pacientes, pode ser necessário realizar cirurgia para tratar a artrose (ex.: osteotomias, prótese de joelho…), não o ligamento em si.
Quarta situação: A última situação são pacientes que possuem doenças que causam sinovite no joelho, por exemplo artrite reumatoide, lúpus e hemofilia. A sinovite é uma inflamação que ocorre no joelho e leva à destruição da articulação, ou seja, ocasiona artrose.
O próprio desgaste da articulação, por sua vez, pode ocasionar a lesão do LCA. Por isso, esses pacientes precisam ser bem avaliados pelo ortopedista para decidirmos se haverá benefício em se reconstruir o ligamento (i.e., fazer a cirurgia no joelho).
Como é feito o tratamento não cirúrgico para lesão do LCA?
A fisioterapia e os exercícios supervisionados pelo educador físico possuem papel fundamental no tratamento não cirúrgico para lesão do LCA, tanto para melhorar a mobilidade, flexibilidade, dor, inchaço e força muscular; quanto para que o paciente “reaprenda” a executar as atividades diárias (andar, subir e descer escadas, caminhar, etc.) e as atividades relacionadas ao seu esporte predileto.
Além disso, é importante ter orientação nutricional para controle adequado do peso e ganho de massa muscular. Por fim, o paciente pode se beneficiar com a viscossuplementação, nutracêuticos e, eventualmente, as ondas de choque conforme avaliação com o ortopedista especialista.
Cuidados importantes
As informações disponibilizadas nessa página, bem como nas demais páginas do site, têm como objetivo orientar nossos pacientes sobre as opções disponíveis atualmente para o tratamento de suas moléstias.
Não recomendo o “autodiagnóstico”, nem o “autotratamento”. Ao contrário, recomendo sempre que busque atendimento médico com ortopedista especializado para auxiliar no tratamento de suas doenças. Assim, você poderá receber o melhor que a medicina tem a oferecer.