O corpo humano pode ser comparado a uma grande fábrica de reações químicas. Por isso, muitas doenças são bem tratadas com medicamentos, que são produtos químicos. Somado a isso, a ciência nos trouxe um conhecimento ainda maior sobre as reações químicas que ocorrem nessa grande fábrica: elas também podem ser desencadeadas por elementos físicos.
Como elementos físicos de aplicação prática na medicina, cito aqui as ondas de som, os raios laser e a vibração. As ondas de choque são ondas sonoras com características especiais que lhes conferem a capacidade de restabelecer o equilíbrio do funcionamento do corpo. Por conta disso, as ondas de choque induzem a regeneração dos tecidos e funcionam também como anti-inflamatório.
Deve ficar claro que as ondas de choque não têm nada a ver com choque elétrico. Ao contrário, elas são ondas sonoras muito úteis no tratamento de doenças ortopédicas, como:
- Tendinites, epicondilites e bursites;
- Artrose (desgaste da articulação) do joelho, quadril, pé…;
- Problemas na cicatrização de fraturas (ex.: pseudoartrose, não união e retardo de união);
- Dificuldade de cicatrização de outros tecidos (tendões, pele, etc.);
- Outras inflamações (ex.: fasciíte plantar, o famoso esporão);
- Dor crônica (ex.: dor lombar, cervical ou no cóccix; pubalgia; fibromialgia; síndrome do piriforme; etc.);
- Osteonecrose (necrose do osso) do quadril, joelho, punho e demais regiões.
As ondas de choque podem também acelerar o processo de regeneração em algumas situações, como:
- Fraturas;
- Lesão muscular;
- Lesão de cartilagem;
- Lesão de tendão;
- Lesões de pele (ex.: escaras, e úlceras venosas, por diabetes, por pressão, por outras causas).
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ToggleO tratamento por ondas de choque dói?
Para cada uma das moléstias, existe uma forma diferente de aplicação das ondas de choque quanto aos parâmetros físicos utilizados (número de pulsos, frequência, intensidade de energia, etc), que deve ser determinado pelo ortopedista especialista nesse tratamento.
Apesar de ser um procedimento não invasivo, o tratamento não é isento de dor porque as ondas de choque são ondas mecânicas, aplicadas em áreas doentes e dolorosas. Por isso, o paciente sente um desconforto que pode ser leve, moderado ou intenso.
Pela experiência no tratamento de patologias ortopédicas, conseguimos prever, de antemão, o nível de desconforto do paciente. Nos casos em que o desconforto previsto é leve, não há necessidade de nenhuma medida. Nos casos de desconforto moderado (ex.: tratamento de artrose no pé, epicondilite lateral, etc.), aplico anestésico local. O desconforto leve ou moderado varia conforme o limiar de dor do paciente; então, sempre realizo o procedimento preparado para ambas as situações.
Já nos casos em que há previsão de desconforto intenso (ex.: tratamento de problemas da cicatrização de fratura do fêmur ou da tíbia, osteonecrose do quadril, etc.), realizo o procedimento na sala de cirurgia com auxílio de um anestesista. Nas situações em que o paciente será submetido a procedimento cirúrgico e ondas de choque, realizamos os dois procedimentos no mesmo dia para aproveita o efeito da mesma anestesia.
Benefícios do tratamento
Um dos grandes benefícios do tratamento por ondas de choque é a possibilidade de solucionar ou mitigar moléstias que necessitariam de cirurgia, como tendinite calcária do ombro e tendinite crônica do calcanhar; ou seja, é possível evitar certas cirurgias. Em outros casos, como fraturas graves do fêmur e da tíbia, as ondas de choque podem ser utilizadas em conjunto com a cirurgia para auxiliar a cicatrização da fratura.
Outra característica importante das ondas de choque é a possibilidade de resolver ou amenizar a sintomatologia de doenças crônicas cujo tratamento prévio (medicamentos, fisioterapia, infiltrações, curativos, etc.) foi ineficaz. As ondas de choque, portanto, são mais uma tecnologia à disposição para auxiliar no manejo das doenças.
Assim como qualquer outro procedimento médico, o tratamento por ondas de choque tem suas indicações, ressalvas e forma de realização. Por isso, deve ser avaliada e conduzida por ortopedista capacitado para o uso da tecnologia.