O joelho pode ser dividido em 4 regiões: “frente, trás, dentro e fora” (nomes informais para facilitar a compreensão). A parte de dentro, mais interna, é a que fica mais próxima do outro joelho. Chamamos essa região de medial. A parte de fora, mais externa, é a que fica do mesmo lado do bolso lateral da calça, e chamamos de região lateral.
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ToggleO que é canto posterolateral?
É um conjunto de estruturas que ficam na parte lateral (externa) do joelho. Essas estruturas são o ligamento colateral lateral, o tendão do poplíteo e o ligamento poplíteo-fibular. A lesão dessas estruturas é rara quando comparamos com a lesão do ligamento cruzado anterior.
Além disso, a lesão do canto posterolateral também pode ser considerada uma lesão multiligamentar (i.e., de múltiplos ligamentos), porque mais de 1 ligamento é rompido. Por acometer mais de 1 ligamento, a lesão do canto posterolateral é grave.
Outras estruturas podem ser lesadas junto com o canto posterolateral, tais como outros ligamentos (ex.: ligamento cruzado posterior, ligamento colateral medial, ligamento cruzado anterior), nervos (ex.: nervo fibular), artéria (ex.: artéria poplítea) e ossos (ex.: fratura do planalto tibial).
Opções de tratamento para a lesão de múltiplos ligamentos do joelho e lesão do canto posterolateral
Primeira opção: Imobilização do joelho com tala gessada, aparelho gessado (famoso “gesso”) ou órteses (são aquelas talas com velcro pré-fabricadas). O joelho é mantido imobilizado por algumas semanas (geralmente, 3-6 semanas), e depois reavalio o paciente para atestar se os ligamentos cicatrizaram adequadamente. Somado a isso, o paciente realiza sessões de fisioterapia com o intuito de recuperar as funções do joelho machucado.
Segunda opção: Em vez de utilizar as opções de imobilização do joelho descritas acima, podemos imobilizá-lo com um dispositivo implantado cirurgicamente.
Esse dispositivo se chama fixador externo e consiste em pinos metálicos (introduzidos nos ossos do joelho, o fêmur e a tíbia) que são conectados entre si por barras de metal. Parte dos pinos fica do “lado de fora” do corpo do paciente para que sejam conectados pelas barras, e a outra parte fica do “lado de dentro” em contato direto com os ossos.
O fixador externo utilizado é semelhante ao popularmente conhecido como “gaiola”, cujo nome técnico é fixador externo circular de Ilizarov. Existem opções bem modernas de fixador externo, que funciona com princípio semelhante às imobilizações (descritas acima na primeira opção), mas ele confere maior rigidez e estabilidade.
Terceira opção: Em situações bem específicas, podemos reparar os ligamentos, ou seja, costurá-los e prendê-los novamente nos ossos do joelho. Esse procedimento é realizado com fios cirúrgicos, e também pode ser reforçado com parafusos, âncoras, fios metálicos, entre outros.
Quarta opção: Consiste na reconstrução dos ligamentos. Assim como fazemos para a lesão do ligamento cruzado anterior, podemos fazer para os demais ligamentos do joelho.
Para reconstruir um ligamento lesado, utilizamos um enxerto, que é algum tendão do joelho. Normalmente, retiramos até 3 tendões do joelho que sofreu a lesão. Quando precisamos de mais tendão, podemos retirar do outro joelho, ou utilizar de doador falecido (i.e., transplante homólogo).
Quinta opção: Alguns pacientes se beneficiam de osteotomias na tíbia (osso da perna) para o tratamento de lesões do cantoposterolateral e lesão de múltiplos ligamentos do joelho.
Como comentei na página sobre osteotomias, este procedimento consiste em modificar o formato (geometria) do osso para que ele fique mais “alinhado”, ou seja, mais anatômico.
Baseando-me em cálculos trigonométricos, faço cortes no osso a ser alinhado, no caso a tíbia. Feito isso, modifico o formato da tíbia para o alinhamento calculado, e utilizo uma placa e parafusos para manter a tíbia nesse novo formato.
Em alguns casos, a osteotomia sozinha é suficiente para corrigir a instabilidade (instabilidade é quando o joelho se movimenta anormalmente por causa da lesão dos ligamentos) do joelho. Em contrapartida, há casos em que é necessário acrescentar a reconstrução dos ligamentos.
Todas as opções e nuances do diagnóstico e tratamento são avaliadas pelo ortopedista especialista para elaboração do melhor plano terapêutico ao paciente vítima de lesão grave no joelho.