Não é de hoje que ondas sonoras são utilizadas na medicina. O ultrassom, por exemplo, é utilizado para realizar diagnósticos por imagem. As ondas de choque são utilizadas no tratamento de feridas e úlceras de pele. Isso é possível porque as ondas de choque estimulam a proliferação das células cutâneas (da pele) e aumentam a vascularização (circulação sanguínea).As lesões de pele podem ser de natureza variada:
- Ferimentos decorrentes de traumas: fraturas expostas, ferimento cortocontuso (ex.: ocasionado por faca, vidro, etc.), ferimento perfurante (ex.: ocasionado por agulha, prego, etc.), desenluvamentos (ex.: ocasionado por queda de moto), lacerações (ex.: ocasionado por mordidas de animais);
- Úlceras de pressão, também chamadas de escaras: ocorrem principalmente em pacientes acamados que permanecem longos períodos na mesma posição;
- Úlceras venosas, também chamadas de úlceras de estase: lesões de pele que surgem porque ocorre acúmulo de sangue nas pernas devido a problemas da circulação (i.e., insuficiência venosa);
- Úlceras por diabetes: lesões que surgem por problemas da circulação ocasionados pelo diabetes; Deiscência de ferida cirúrgica: quando os pontos (i.e., a sutura) da cirurgia se rompem, abrindo a ferida operatória.
Como funciona o tratamento de feridas e úlceras de pele com as ondas de choque
Nos ferimentos que necessitam de desbridamento cirúrgico (retirada de tecido morto, desvitalizado), o paciente é internado, em jejum de 8 horas, e encaminhado ao centro cirúrgico. Na sala de cirurgia, o paciente é anestesiado, geralmente por raquianestesia e sedação quando se trata de ferimento no membro inferior (ex.: pé, perna, coxa). A seguir, removemos os tecidos desvitalizados (desbridamento cirúrgico) e aplicamos as ondas de choque. Finalizamos o procedimento com um curativo estéril.
Nessa situação, o paciente geralmente estava internado no hospital antes do procedimento cirúrgico. O paciente receberá alta conforme melhora de suas condições físicas, resolução de eventual quadro infeccioso e melhora da ferida de pele. Conforme a evolução do quadro, o paciente pode ser submetido a mais de um procedimento cirúrgico combinado com as ondas de choque.
Nos ferimentos que não necessitam de desbridamento cirúrgico, o paciente é submetido ao tratamento com ondas de choque a intervalos que variam conforme o tamanho e profundidade da lesão, e da resposta às ondas. Algumas lesões, por exemplo, exigem periodicidade de 3 semanas, enquanto outras de 6 semanas, e outras podem ser solucionadas com 1 sessão.
Comumente, as feridas que não requerem desbridamento cirúrgico não são dolorosas; portanto, o procedimento é realizado, em grande, sem necessidade de anestesia. De todo modo, cada caso é avaliado individualmente para determinarmos a necessidade de utilizar medicamentos anestésicos durante as sessões de ondas de choque.