Enquanto os ligamentos (já descritos em outra sessão deste site) ligam osso com osso, os tendões unem um músculo a um osso. Os tendões fazem parte do músculo, mas, diferente do músculo, não são contráteis e são pouco elásticos.
Essa característica é necessária justamente para que o tendão possa resistir à força de contração do músculo e se manter firmemente grudado ao osso, permitindo o movimento do membro. Dessa forma, lesões que causam a ruptura do tendão devem ser tratadas o quanto antes para não comprometer a qualidade de vida da pessoa.
Explicando melhor: o joelho basicamente possui dois tipos de movimentos, a extensão e a flexão; ou seja, esticar e dobrar o joelho. A extensão do joelho é realizada pelo músculo quadríceps, que transmite toda sua força para esticar a tíbia (osso da perna) através de 2 tendões grudados na patela (o osso central do joelho).
O primeiro deles é o tendão quadricipital (ou tendão do quadríceps), que recebe este nome por fazer parte diretamente do quadríceps.
Este tendão gruda na parte de cima patela e puxa a patela para cima. Da parte de baixo da patela, sai o segundo tendão, que é o tendão patelar. Este tendão é puxado para cima pela patela e, por sua vez, o tendão patelar puxa a tíbia, estendendo o joelho.
Em conjunto, os tendões quadricipital e patelar suportam até cerca de 17.5 vezes o peso do nosso corpo. Mesmo sendo bastante resistentes, esses tendões podem ser rompidos, seja por algum trauma (ex.: queda da escada, queda de moto), excesso de peso (ex.: pessoas com obesidade mórbida, levantamento de peso excessivo), ou degeneração (ex.: senilidade, tendinopatia crônica).
Tratamento para ruptura de um tendão do joelho
Não existe espaço para o tratamento não cirúrgico nas rupturas totais do tendão do quadríceps e do tendão patelar. As rupturas parciais, por outro lado, devem ser avaliadas caso a caso para determinar o tipo de tratamento.
No caso do tratamento não cirúrgico, imobilizamos o joelho do paciente com uma órtese ou aparelho gessado. Orientamos o paciente a não pisar com o joelho machucado enquanto não houver cicatrização suficiente. Além disso, prescrevemos sessões de fisioterapia que são iniciadas assim que julgarmos que o tendão apresenta força suficiente para suportar os exercícios.
Geralmente, dentro de 3 a 6 meses, o paciente pode retomar suas atividades habituais. Existem duas opções de tratamento cirúrgico: o reparo ou a reconstrução do tendão rompido. O reparo do tendão é realizado, geralmente, quando a lesão é aguda (i.e., com menos de 3-4 semanas). O procedimento consiste na sutura (i.e., costura) do tendão lesado.
A reconstrução do tendão é realizada para os casos crônicos (i.e, com mais de 1 mês de lesão) ou com grande destruição tecidual. O procedimento consiste em utilizar enxerto ou retalho para recriar o tendão danificado.
A recuperação após a cirurgia envolve um período de imobilização do joelho e de proibição para pisar com o membro operado, seguido de ganho progressivo de mobilidade e fortalecimento muscular. Os ganhos devem ser progressivos, respeitando a velocidade de regeneração tecidual. Pular etapas nos casos de ruptura de tendão podem determinar o fracasso do tratamento.