O crescimento saudável das crianças é um dos maiores desejos de qualquer família. No entanto, é justamente nessa fase da vida que o corpo passa por mudanças intensas: ossos alongam-se rapidamente, músculos precisam acompanhar o ritmo e articulações se adaptam a novas demandas. Esse processo natural, embora fascinante, também pode trazer desconfortos e até doenças específicas que exigem atenção médica especializada.
A ortopedia pediátrica surge como a área responsável por cuidar desse desenvolvimento, prevenindo complicações, diagnosticando doenças precocemente e oferecendo tratamentos adequados. Mais do que tratar problemas, o objetivo é garantir que a criança tenha liberdade para correr, brincar, praticar esportes e explorar o mundo sem limitações.
O que é ortopedia pediátrica
A ortopedia pediátrica é um campo da medicina voltado ao estudo, diagnóstico e tratamento de alterações musculoesqueléticas em crianças e adolescentes. Diferente do adulto, cujo corpo já está totalmente formado, o organismo da criança ainda está em desenvolvimento. Isso significa que doenças que parecem simples podem evoluir de forma diferente se não forem acompanhadas corretamente.
Por exemplo, uma lesão de joelho em um adulto pode ser tratada de maneira direta, mas em uma criança precisa ser considerada a presença das cartilagens de crescimento, que podem comprometer o desenvolvimento ósseo se forem danificadas. Essa abordagem delicada exige conhecimento específico e estratégias individualizadas.
Dor de crescimento
As dores de crescimento são comuns entre 3 e 12 anos e costumam aparecer à noite. Apesar do nome, não são resultado do crescimento dos ossos em si, mas sim da sobrecarga muscular e articular provocada pelas atividades diárias.
Sintomas
- Dor difusa em pernas ou braços, quase sempre em ambos os lados
- Início noturno, muitas vezes acordando a criança
- Ausência de sinais de inflamação, como inchaço ou vermelhidão
Diagnóstico: É clínico, baseado no relato dos pais e da criança. Normalmente, não há necessidade de exames de imagem.
Tratamento:
- Massagens leves
- Compressas mornas
- Alongamentos suaves
- Manutenção da rotina de atividades sem exageros
- Orientação médica caso a dor seja persistente
Menisco discoide
O menisco é uma estrutura em forma de “C” localizada no joelho, responsável por absorver impactos. No caso do menisco discoide, essa estrutura tem um formato anormal, mais espesso e ovalado, que pode causar instabilidade.
Sintomas
- Estalos ou “cliques” no joelho
- Dor após esforço físico
- Episódios de bloqueio articular
Diagnóstico: O exame físico direciona, mas a ressonância magnética confirma o diagnóstico.
Tratamento
- Fisioterapia e fortalecimento muscular
- Em casos de dor persistente ou bloqueio, com técnicas minimamente invasivas (artroscopia)
Osteocondrite dissecante
É uma condição em que parte da cartilagem e do osso subjacente perde a irrigação sanguínea, podendo se soltar dentro da articulação. Afeta principalmente joelho e cotovelo.
Sintomas
- Dor localizada que piora com atividade física
- Inchaço
- Sensação de travamento
Diagnóstico: Ressonância magnética é essencial para avaliar a gravidade.
Tratamentos:
- Imobilização do joelho
- Tratamento analgésico
- Tratamento anti-inflamatório sistêmico ou local (incluindo viscossuplementação)
- Fisioterapia e reabilitação
Tratamentos cirúrgicos
- Meniscectomia parcial
- Meniscectomia total
- Saucerização
- Sutura (costura) de menisco
- Reinserção do menisco
- Reimplante do menisco
- Transplante homólogo de menisco
Doença de Osgood-Schlatter
Inflamação na tuberosidade anterior da tíbia, abaixo do joelho, bastante comum em adolescentes ativos, principalmente os que praticam esportes de impacto.
Sintomas
- Dor localizada durante e após atividades físicas
- Inchaço discreto e sensibilidade à palpação
- Proeminência óssea visível em alguns casos
Tratamentos
- Repouso: redução das atividades que causam dor, permitindo tempo para a recuperação.
- Gelo: aplicação de gelo na área afetada para reduzir a dor e o inchaço.
- Fisioterapia: exercícios de alongamento e fortalecimento para melhorar a flexibilidade e a força muscular ao redor do joelho.
- Medicamentos: analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para aliviar a dor e a inflamação.
- Injeção de plasma rico em plaquetas (PRP): obtido do sangue do próprio paciente, contém alta concentração de plaquetas e fatores de crescimento que auxiliam na recuperação.
- Tratamento com ondas de choque: ondas acústicas que reduzem a inflamação e aliviam a dor, aplicadas em consultório.
- Injeção de células-tronco: células-tronco mesenquimais extraídas da medula óssea ou tecido adiposo e injetadas na área afetada.
- cirúrgico
Luxação da patela
A patela, popularmente chamada de rótula, pode sair de sua posição normal, principalmente para o lado externo do joelho. Essa condição é mais comum em adolescentes e pode ocorrer durante esportes ou quedas.
Sintomas
- Dor súbita e intensa
- Deformidade visível
- Inchaço imediato
Diagnóstico: Baseado no exame físico e confirmado por exames de imagem.
- Infiltrações de remédios (corticoides ou ácido hialurônico)
- Ondas de choque
- Fisioterapia
Abordagens cirúrgicas
- Artroscopia
- Realinhamento patelar (osteotomias da tíbia ou do fêmur)
- Reconstrução ligamentar
Lesão de LCA em crianças e adolescentes
O ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das principais estruturas de estabilidade do joelho. Em crianças e adolescentes, sua lesão é preocupante porque o joelho ainda está em crescimento.
Sintomas
- Estalo no momento da lesão
- Instabilidade articular
- Inchaço rápido
Diagnóstico: Exame físico associado à ressonância magnética.
Tratamento
- Indicado em lesões parciais
- Cirúrgico: técnicas adaptadas para preservar o crescimento
- Reabilitação: fortalecimento e retorno gradual ao esporte
Como identificar sinais de alerta
Os pais devem observar com atenção:
- Reclamações frequentes de dor
- Inchaço sem causa aparente
- Limitação de movimentos
- Alteração no jeito de andar
Qualquer um desses sinais deve levar à consulta com um ortopedista.
Exames mais comuns
- Raio-X: mostra alterações ósseas e alinhamento
- Ressonância magnética: detalha cartilagem, meniscos e ligamentos
- Ultrassom musculoesquelético: útil para articulações menores e tecidos moles
Tratamentos
- Fisioterapia: essencial para fortalecimento e correção postural
- Imobilizações: usadas para repouso articular
- Analgésicos e anti-inflamatórios: sempre com orientação médica
Reabilitação
Após qualquer lesão ou cirurgia, a reabilitação é indispensável. Ela inclui exercícios progressivos para restaurar força, equilíbrio e confiança. O retorno ao esporte deve ser gradual, sempre acompanhado por profissionais de saúde.
Prevenção
A prevenção é um pilar da ortopedia pediátrica:
- Estimular aquecimento e alongamento antes de treinos
- Incentivar prática esportiva equilibrada
- Evitar excesso de carga física em crianças em crescimento
- Realizar consultas preventivas
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As doenças ortopédicas na infância exigem atenção especial, já que ossos, músculos e articulações ainda estão em desenvolvimento. Condições como dor de crescimento, menisco discoide, Osgood-Schlatter e lesões no joelho podem impactar o bem-estar e o futuro da criança. O acompanhamento com um ortopedista pediátrico é essencial para garantir diagnóstico precoce, tratamento adequado e um crescimento saudável.
O Dr. Carlos Vinícius é ortopedista com foco em medicina regenerativa e realiza uma avaliação completa para entender o grau da lesão, o perfil do paciente e definir o melhor tratamento, cirúrgico ou não, com tecnologias como reabilitação personalizada, terapia biológica e protocolos avançados de recuperação.
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